Nesta semana, a ANAMAGES lança luz à brilhante trajetória do Juiz de Direito Dr. Geraldo Campos, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que exerceu a judicatura por 23 anos, aposentando-se em 2018.
Antes de assumir o concurso na magistratura mineira, descrita pelo Magistrado como uma realização de vida e o encontro de seu porto seguro, Dr. Geraldo foi escrivão da Polícia Federal com lotação em São Paulo por cerca de cinco anos. Em seguida, foi aprovado em concurso para Delegado de Polícia Civil de Minas Gerais, cargo no qual permaneceu de 1990 a 1996.
Dr. Geraldo iniciou a carreira na magistratura como Juiz de Direito Substituto, respondendo pela Execução Penal em Ribeirão das Neves, município no qual se abriga o complexo prisional do Estado. No norte de Minas, foi titular - por promoção - da 2ª Vara da Comarca de São Francisco e, na mesma região, respondeu pela Comarca de São Romão. Em seguida, foi promovido para o cargo de Juiz Titular da Vara da Infância, Juventude e Precatórias de Governador Valadares e depois assumiu a titularidade da 4ª Vara Cível, dessa mesma comarca. Após a remoção para a capital, cooperou em Varas de Família, Cíveis, Registro Público, Central de Conciliação (atualmente CEJUSC – CENTRO JUDICIÁRIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA), aposentando-se como titular da 4ª Vara Cível da mesma comarca.
O Magistrado sempre foi reconhecido pelos seus pares por sua dedicação à Magistratura, pelo aprimoramento intelectual e por seu trabalho probo e íntegro. Nesta semana, ele concedeu uma entrevista à ANAMAGES e revisitou momentos de sua trajetória na magistratura. Confira.
ANAMAGES: Qual a importância da experiência no interior?
Dr. Geraldo Campos: Excepcional! Um rico aprendizado. É no interior que se vive e amadurece um juiz, dado o convívio com o povo e com o conhecimento de hábitos e costumes, amealhando, assim, aprendizado consistente para a entrega da melhor prestação jurisdicional.
ANAMAGES: Que desafios e aprendizados o senhor coleciona em sua carreira?
Dr. Geraldo Campos: Diversos foram os desafios, principalmente as mudanças de comarcas e dificuldades de toda ordem, como, por exemplo, a inexistência ou insuficiência de corpo técnico nas comarcas para atendimento nas demandas de família, infância e juventude, dentre outras.
ANAMAGES: O senhor acompanhou diversas mudanças tecnológicas no Poder Judiciário. Que momentos foram mais significativos?
Dr. Geraldo Campos: Em 1996, quando ingressei na magistratura, nada era informatizado. E o Juiz era uma ilha no universo. Para se ter uma ideia, o computador e a impressora na Sala de Audiência foram adquiridos por mim. Não havia internet. Pesquisas eram feitas em revistas de jurisprudências, doutrinas, as quais nem sempre eram atualizadas. No Eleitoral, se convivia com o voto impresso. Hoje, todas as Comarcas são informatizadas, os processos são eletrônicos e, enfim, já se avança na chamada inteligência artificial.
ANAMAGES: Qual a importância do aprimoramento intelectual para os juízes e de que forma o senhor buscava esse aperfeiçoamento?
Dr. Geraldo Campos: Penso que é direito do jurisdicionado e dever do magistrado manter-se atualizado e capacitado para a melhor entrega da prestação jurisdicional. De minha parte, sempre li bastante, e, na medida do possível, assistia palestras, seminários e respondia a todas as convocações e cursos ministrados pela Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes. A propósito, cursei mestrado na Universidade “Tor Vergata” - Roma/Itália, em cuja “ Facoltà Di Giurisprudenza” me permitiu o estudo de Direito Comparado, especialmente os sistemas jurídicos italiano e latino-americano, sem contar a imersão na própria língua italiana, que me permitiu aprovação no exame CILS, no nível intermediário avançado - B2, pela Universidade para Estrangeiros de Siena – Centro CILS .
ANAMAGES: O que a sua carreira na Magistratura representa para a sua vida e como o senhor observa o reconhecido trabalho realizado durante todos esses anos?
Dr. Geraldo Campos: Encerrei a carreira depois de 23 anos de judicatura, com o sentimento do dever cumprido e plena realização de vida.